segunda-feira, 23 de julho de 2012

Povos Indígenas e Comunidades Quilombolas – Aproximações e sobreposições Políticas e Etnológicas

Convidado a ministrar uma aula no Curso de Férias do Museu do Índio, que este ano tem por título “Dimensões das Culturas Indígenas” (Rio de Janeiro, 23 de julho de 2012) eu propus falar de "Povos Indígenas e Comunidades Quilombolas – Aproximações e sobreposições Políticas e Etnológicas"

Não baseei a aula em um texto pronto, mas em uma espécie de catálogo de temas que já foram, estão sendo ou que eu planejo pesquisar. Ou seja, em lugar de oferecer uma síntese de informações ou análises, tendo em vista desenvolver argumentos de forma a que, no final, eu pudesse propor considerações gerais, eu optei por agrupar em blocos mais ou menos afins, a lista de pontos de contato entre as duas temáticas etnológicas, históricas e políticas. Tais pontos estão relacionados ao problema das classificações sociais, seus modos de construção e transformação, seus fundamentos, mas também seus efeitos sociais e simbólicos; sua relação com as lógicas gerais e particulares de ordenar intelectualmente o mundo, mas também de normatiza-lo, tributárias de dinâmicas extra-locais, nacionais ou mesmo globais.

Deste conjunto, interessaram-me em especial aquelas de caráter étnico, e, dentre elas, nos ocuparemos aqui das que distinguem – mas também aproximam - populações indígenas e negras tradicionais ou quilombolas.

Estas formas de aproximar podem se dar tanto pela observação de processos sociais e históricos que as colocam em contato direto, por meio de trocas ou disputas, quanto por meio de analogias, sejam as relativas aos processos sociais e simbólicos nos quais essas populações estão envolvidas, ou as produzidas pela transposição de conceitos e teorias das análises de umas às análises das outras.

Mas, como dizia, escolhi montar esta aula como a exploração - quase que apenas uma enumeração - do vasto repertório de temas que juntam tais populações, de forma a lhes oferecer uma visão sumária de cada um deles. Mas este modo de exposição em catálogo, tem a justificativa de ser um modo de compartilhar com vocês uma pauta de trabalho, iniciada há cercada de década e meia, mas ainda muito longe de ser concluída. Apenas por razões didáticas – e espero que elas se justifiquem ao longo das próximas quatro horas – tal repertório ou pauta, será dividida em cinco blocos, mas cuja abordagem nos exigirá frequentes remissões circulares.

A) Epistemologia:
1. Para uma crítica às categorias antropológicas (no Brasil) de 'etnologia indígena' e 'antropologia das relações raciais';
2. De primitivismos, neotradicionais e culturas com aspas;

B) Etnologia:
3. Os usos do negro entre os índios e do índio entre os negros;
4. As classificações oficiais-normativas como fonte de fissão e fusão étnica;
5. Convergências: religiosidade, corporeidade e noção de pessoa;

C) Dinâmicas do Reconhecimento:
6. Liberalismo multicultural, pan-indigenismo internacional, quilombos e populações tradicionais;
7. Emergência da memória e valorização do tradicional pós-ditadura no Brasil;
8. Educação: inclusão e diferenciação;

D) Desafios do Reconhecimento:
9. Racismo ambiental;
10. Sobreposições territoriais;
11. Entre ‘autonomias’ e multiculturalismos neoliberais;

E) Antropologia jurídica:
12. Monismo jurídico e as dinâmicas de nominação.

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