terça-feira, 10 de março de 2020

Projeto Quilombos (Afro-CEBRAP / LaPPA-CERES)

Projeto Quilombos:
memorias, configações regionais e os desafios da desdemocratização brasileira

A existência de comunidades quilombolas no Brasil contemporâneo foi reconhecida muito recentemente. Elas se tornaram sujeitos de direito apenas como a Constituição de 1988, e as políticas públicas destinadas elas começaram a ser elaboradas apenas a partir de 2003, ainda assim, sobre frequente contestação, descontinuidades e graves ameaças. As ações de regularização fundiária dos territórios quilombolas, iniciadas no governo Lula, foram fragilizadas ainda no governo Dilma, interrompidas no governo Temer e estão sob o risco da total destruição no governo Bolsonaro. O atual presidente é prolífico em manifestações racistas e em promessas públicas de denegação dos direitos quilombolas. Enquanto isso, a imprensa mantém um quase total desinteresse pela temática, decorrendo tanto quanto alimentando a desinformação da sociedade em geral. Diante deste quadro, são necessárias ações que tenham em vista a produção de informação qualificada a partir do contato direto com as comunidades, os movimentos quilombolas, seus apoiadores e estudiosos. Tanto quanto é necessária uma ação informada e informativa frente à opinião pública, ao legislativo, ao judiciário e às instâncias que nos restam do executivo. O presente projeto tem dois objetivos que pretendem contribuir para isso. Fazer registro, monitoramento e análise tanto das políticas públicas destinadas às comunidades quilombolas, quanto das violências movidas contra elas e suas respostas coletivas. Contribuir para a construção e veiculação da memória do movimento quilombola nacional, por meio da formação de um banco de entrevistas com suas principais lideranças.

Objetivo Geral

Criar no interior do Núcleo Afro do CEBRAP, em parceria com Laboratório de Pesquisa e Extensão com Povos Tradicionais Afro-americanos (LaPPA) do IFCH/ Unicamp, um grupo de referência na temática quilombola, capaz de desenvolver pesquisas, oferecer assessoria e criar estratégias de comunicação que tenham por foco a defesa dos direitos quilombolas.

Panorama Quilombola

Fazer registro sistemático, analisar e divulgar denúncias de violências contra as comunidades quilombolas e seus membros, assim como monitorar e avaliar as políticas públicas a eles destinadas, tendo em vista o atual contexto de desmonte das iniciativas federais e a busca de alternativas para a defesa dos direitos dessas comunidades em outros âmbitos do Estado, da sociedade civil e dos movimentos sociais.
 

A Juventude da Tradição

Fazer registro sistemático da experiência individual e do percurso sociológico de “lideranças quilombolas”, em sentido ampliado, ou seja, relativo tanto aos primeiros militantes responsáveis pela articulação e organização das comunidades quilombolas nos seus estados e em um movimento nacional, mas também relativo aos jovens quilombolas que, lançando mão das conquistas recentes do movimento, atuam como professores e gestores de escolas quilombolas, o que frequentemente os coloca também na posição de primeira geração de universitários em suas famílias e comunidades.

Equipe

Coordenação:
  • José Maurício Arruti (UNICAMP)
Assistente:
  • Cinthia Marques Santos (UNICAMP, doutoranda)
Colaboradores:
  • Thaisa Held (UFGD, docente), 
  • Mariana Balem (UFRB, docente), 
  • Cassius Cruz (doutor pela UNICAMP), 
  • Pedro Sebastian (UNICAMP, graduando)
  • Alexander Lucas Pereira (UNICAMP, graduando)


Mesa 'Territórios', do evento de lançamento do Núcleo Afro CEBRAP (4 de novembro de 2019) com Mathilde Ribeiro (ex-ministra da SEPPIR), Selma Dealdina (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas), José Mauricio Arruti (UNICAMP/AFRO-CEBRAP) e Matheus Gato de Jesus (UNICAMP/AFRO-CEBRAP)

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Disciplina TEORIAS E EXPERIMENTAÇÕES ETNOGRÁFICAS (HZ360): LABORATÓRIO Etnografia em tempos de Pandemia

Disciplina
TEORIAS E EXPERIMENTAÇÕES ETNOGRÁFICAS (HZ360): LABORATÓRIO Etnografia em tempos de Pandemia

Prof. José Maurício Arruti
Monitores: Juliana Fidelis, Lais Marachini, Laura Andrade, Gustavo Gonçalves.

Contextualizando

O período de isolamento imposto pela pandemia de Covid19 implicou drásticas alterações no planejamento do nosso curso, como decorrência das drásticas alterações impostas às nossas vidas em geral. A singularidade da situação está nela ser compartilhada quase simultaneamente por metade dos habitantes do planeta. Um fenômeno inédito por suas dimensões e prováveis efeitos, que têm levado muitos a se perguntarem sobre quão profundas e duradouras serão as marcas dessas alterações em nossas vidas depois de encerrado o isolamento. Uma das dúvidas amplamente compartilhada é mesmo se o isolamento terá fim, ou se retornaremos à normalidade anterior a ele. Ao se discutir o pós-isolamente discute- se também o que seria este “novo normal”.

Há os que falem da perpetuação de vários dos efeitos que nos foram impostos como temporários, isto é, a normalização do fechamento das fronteiras nacionais, do distanciamento social, da precarização do trabalho via home office, do controle digital que alguns estados estão impondo às suas populações etc. Assim como há os que falem das oportunidades que este momento nos abre, ao eliminar a terceirização das nossas crianças e velhos, ao estancar o consumismo e impor uma paralisia ao movimento do capital que nenhum movimento social havia conseguido, ao nos permitir refletir sobre os impactos das alterações ambientais sobre o mundo etc.

Enfim, talvez não estejamos diante apenas de um fenômeno social, mas de uma nova instituição social. De uma forma ou de outra, cabe-nos como cientistas sociais ou, mais especificamente, como antropólogos, pensar estas novas formas de vida, de socialidade, de trabalho, de comunicação, de ritualização do cotidiano ou de alteração dos rituais tradicionais (como , por exemplo, os enterros, o esporte, as visitas familiares...) diante do fenômeno do isolamento e da extensão (colonização?) do mundo virtual (on-line) sobre o mundo presencial. O que isso está produzindo, quanto disso é transitório e quanto disso passará a constituir o nosso “novo normal”?

A proposta

Por mais que essas questões sejam angustiantes (ou justo por isso), elas também são boas para pensar. Assim, surge a proposta de convertermos os limites que foram impostos a este curso em matéria de reflexão do próprio curso, justamente abrindo um laboratório dedicado ao exercício do registro etnográfico sobre o que vem a ser a vida social sob o isolamento social.

Não estamos sendo originais nesta proposição. O volume de produção em ciências sociais sobre os efeitos da pandemia e do isolamento tem crescido a cada dia. Textos mais ou menos rápidos, mais ou menos confessionais, mais ou menos analíticos, mais ou menos etnográficos, têm se multiplicado na internet, muitos deles respaldados pelo selo de renomadas associações e instituições de pesquisa. Há até algumas iniciativas de registro das experiências pessoais diante desta situação, seja na forma de questionários sócio-epidemiológicos, seja na forma de repositório de depoimentos escritos ou de depoimentos gravados, a serem disponibilizados para os historiadores futuros. O projeto “Antropologia e Pandemia”, que realizamos em parceria com os professores Isadora França, Tanieli Rui (professores do Departamento de Antropologia), Gustavo Rossi e Bernardo Machado (pesquisadores pós-doc do PPGAS) tem por objetivo fazer um breve mapeamento desta produção. O primeiro episódio, já disponível, faz um apanhado geral de algumas dessas iniciativas. Os quatro próximos episódios programados pretendem falar sobre como alguns temas emergem nesta produção: A etnografia da pandemia; Pandemia, desigualdades e relações raciais; Pandemia, violência e gênero; e, finalmente, Pandemia e fins do mundo.

Enquanto lemos a bibliografia básica sobre etnografia e acompanhamos as reflexões oferecidas pelo projeto Antropologia e Pandemia, o nosso laboratório deve estimular a produção e discussão das nossas próprias etnografias sobre e neste isolamento social. Acrescentaremos ainda a este conjunto, a discussão sobre dois conceitos possivelmente úteis neste contexto: auto-etnografia e etnografia on-line.

Metodologia

O curso passará a contar com três tipos de atividades, desenvolvidas de forma articulada, em aulas alternadas.

  • Aulas expositivas e discussão bibliográfica: dando continuidade às 3 aulas iniciais, leremos etnografias (ou comentários a elas) sobre temas afins à nossa condição atual de pandemia e isolamento social;

  • Resenhas da produção recente em Ciências Sociais sobre a Pandemia: debateremos os episódios do projeto “Antropologia e Pandemia” e textos dos alunos inspirados nesses episódios. Neste caso, a tarefa dos alunos é realizar uma resenha que busque destacar nos artigos selecionados (de três a seis) suas qualidades etnográficas: a) de conteúdo: quando os artigos contribuem na construção de uma leitura etnográfica de um determinado assunto de interesse

(país, região, tema, instituição, recorte social etc.); ou b) de forma: quando os artigos podem oferecer bons exemplos de como elaborar uma perspectiva etnográfica mesmo em situação de isolamento.

Produção de relatos: discutiremos breves ensaios dos próprios alunos inspirados na ideia de ‘etnografia da pandemia’. Neste caso, os alunos devem escolher uma data (dentre as disponibilizadas) para apresentar seus relatos preliminares (que devem ter entre 60 e 90 linhas), enviando-os para o e-mail do professor e dos monitores com uma semana de antecedência, de forma que ele possa ser socializado com a turma. Os relatos deverão ser lidos em aula, abrindo-se para o seu debate logo em seguida. Com base nas contribuições trazidas por esses debates, os alunos deverão apresentar a versão final dos seus relatos (textos de 90 a 180 linhas) até o encerramento do semestre.

Avaliação

A avaliação neste semestre, conforme orientação geral adotada pelo IFCH, consistirá na atribuição de um conceito único S (suficiente) para todos os alunos que participarem da disciplina, restando a opção de conceito F (falta) para os alunos que não participarem. A participação será caracterizada pela realização de parte das atividades previstas acima: pelo menos duas Resenhas da produção recente em Ciências Sociais sobre a Pandemia e as duas Produções de relatos individuais (preliminar e final). O conceito F pode ser substituído pelo conceito S até o final do semestre seguinte, mediante a entrega das atividades descritas, acompanhadas de justificativa. No caso de não ser possível caracterizar participação no prazo previsto, o conceito atribuído será I (insuficiente), o que significa reprovação na disciplina.

Peço atenção ao PARECER DA CONGREGAÇÃO No 169/2020, postado no mural da turma (em especial os itens de 4 a 7), que orienta docentes e discente com relação aos procedimentos no caso de dificuldade ou impossibilidade de participação na disciplina.

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Indigenous and Afrodescendant Spaces in Latin American Cities


Vol 11, No 2 (2019)

Indigenous and Afrodescendant Spaces in Latin American Cities, Federica Morelli and Sofia Venturoli editors

Table of Contents

DOSSIER

Claudia Briones
1-12
Cláudia Damasceno Fonseca
13-33
Wilhelm Londoño
34-60
Javier González Díez
61-81
Carlos Andrés Meza
82-108
Ingrid D'Esposito
109-133
José Maurício Arruti
134-167
Sofia Venturoli
168-193
Oscar Espinosa
194-218
Johanna Leinius

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Ensayos de etnografía teórica - Tierras Bajas de América del Sur (Coord.: Óscar CALAVIA SÁEZ)



Ensayos de etnografía teórica
Tierras Bajas de América del Sur

ISBN 978-84-947085-9-6

ÓSCAR CALAVIA SÁEZ

No hay título posible que dé cuenta de un panorama tan diverso como el que se ofrece en las páginas que siguen. Hablar de «reflejo» es un tópico ya muy gastado. Los indios de las tierras bajas, supuestamente desnudos (pinturas o adornos no parecían contar como tales para quien entendía la ropa como una manera de velar «vergüenzas»), son probablemente la parcela de la humanidad sobre la que se han proyectado más ideas. Todas les probaban bien: espejo de la naturaleza, anarquistas o comunistas primitivos, caníbales feroces. Ellos mismos no han dado muestras de una menor inclinación a esa proyección: cientos de relatos amerindios comienzan con ese cazador que, mirando a través de la superficie de un lago, descubre otro universo que equivale al suyo, y eso se extiende a otros reflejos: en la ciudad de los blancos se adivina la ciudad de los espíritus; en las pirañas o las anacondas colosales de sus películas de terror exótico se reconocen las bestias primigenias y auténticas, mucho más poderosas que sus réplicas corrientes. (Óscar Calavia Sáez)

ÍNDICE

Introducción: A través del reflejo (Óscar CALAVIA SÁEZ)

Valeria MACÉDO: Dueños, cuerpos, embalajes. Emparentamientos y eclipsamientos en las alteridades guaraní

Antonio GUERREIRO: Jefes (y) enemigos: poder y política en las tierras bajas suramericanas

Florencia TOLA: Conflictos ontológicos y ambigüedad en la relación de los tobas (qom) con el territorio

Laura PÉREZ GIL: Sobre la mezquindad, la envidia, los parientes y los otros: chamanismo y violencia en la Amazonía peruana

Aristoteles BARCELOS NETO: Visiones del tabaco: visiones y objetos chamánicos wauja, Alto Xingu

Geraldo ANDRELLO: Sobre hermanos y cuñados. Formas de la diferencia en el Uaupés (noroeste amazónico)

Gabriela PELUSO: Mujeres Ese Eja: conflicto social y la actuación social del género en la Amazonía boliviana y peruana

José Maurício ANDION ARRUTI: Otras Tierras Bajas: Cosmopolítica y afirmación étnica Pankararu entre el sertão y la metrópolis

Douglas FERREIRA GADELHA CAMPELO: Habitar lo cromático: palabras y sonoridades torcidas en el consumo tikmu,un de bebidas alcohólicas (kaxmuk)

Bruno HUYER y Miguel CARID: Entre dioses y blancos: procesos guaraní-mbya de identificación, alteración y mestizaje

domingo, 24 de novembro de 2019

Seminários Terra: Quilombos do Ribeira: território, educação e engajamento social



Seminário com quatro pesquisadores quilombolas do Vale do Ribeira, sobre suas pesquisas individuais e coletivas. Estarão em pauta, em especial os trabalhos de elaboração coletiva da Cartilha para Educação Quilombola, que resulta de um trabalho em parceria com a Defensoria Pública do estado de São Paulo, e o texto sobre os Sistemas Agrícolas Tradicionais Quilombolas, registrado como patrimônio cultural brasileiro pelo IPHAN.
Nossos convidados:

  • Laudessandro Marinho da Silva - Possui graduação em Administração pela Universidade São Francisco. Atuante na área de planejamento e gestão territorial- Quilombo Ivaporunduva; 
  • Márcia Cristina Américo - Possui graduação em Química (UNIMEP), Mestrado, Doutorado e pós-doutorado em Educação pelo PPGE- UNIMEP- Quilombo São Pedro; 
  • Viviane Marinho Luiz – Possui graduação em Pedagogia (UNIMEP), Mestrado e Doutorado Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da UNIMEP- Quilombo Ivaporunduva; 
  • Luiz Marcos de França Dias - Professor da Rede Estadual de Ensino de São Paulo, graduado em Letras pela Universidade São Francisco, mestrando em Educação pelo PPGE- UNIMEP (Bolsista CAPES)- Quilombo São Pedro. 

Atividade destinada a professores, alunos da graduação e da pós-graduação do IFCH.
Iniciativa do LAPA – Laboratório de Pesquisa e Extensão com Povos Tradicionais Afroamericanos, ligado ao CERES/IFCH, em parceria com o Núcleo AFRO do CEBRAP.
Como parte da atividade, foram realizados 4 pequenos vídeos, um com cada um dos convidados, que em breve estarão disponíveis no site do IFCH.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Núcleo Afro Cebrap



O Afro é um núcleo de pesquisa, formação e difusão sobre a temática racial. Temos como prioridade a produção de pesquisa em diálogo com a sociedade civil, formadores de opinião e público interessado no debate sobre a temática racial e seus desdobramentos. Visamos desta forma contribuir para o enfrentamento do racismo, a promoção dos direitos humanos e o fortalecimento da democracia.

O que fazemos

Fazemos pesquisa de caráter multidisciplinar visando a produção e a análise de dados de natureza quantitativa e qualitativa e. Atuamos na formação intelectual e acadêmica de novos pesquisadores, na capacitação técnica de agentes públicos, privados e de organizações da sociedade civil e realizamos consultorias. Para difusão de nosso trabalho, promovemos oficinas, eventos e seminários, tendo em vista a divulgação científica e o fortalecimento do debate sobre a igualdade racial no espaço público. Trabalhamos também para democratizar a linguagem e o acesso a dados, pesquisas e documentos sobre a temática racial. Buscamos o diálogo com lideranças políticas e comunitárias, bem como com demais formadores de opinião, com o fim de promover a pluralidade de ideias no debate público.

Objetivo

O Afro busca contribuir para o fortalecimento das pesquisas acadêmicas sobre desigualdades, relações raciais e interseccionalidade. Atua com vistas a qualificar o debate público sobre questões raciais, fortalecer a agenda de Direitos Humanos e da democracia em especial no tocante à justiça, a igualdade raciais e de gênero. Atuamos em três áreas: Cultura e Identidades; Discriminação e Desigualdades e Políticas e Direitos tendo as perspectivas de raça, gênero, sexualidade e território como dimensões transversais.

Em Culturas e Identidades trabalhamos com o resgate e a sistematização de acervos do movimento negro, promovendo a preservação da memória, a disseminação da história e o diálogo intergeracional. Atuamos também com as trajetórias intelectuais e o pensamento negro brasileiro, buscando difundi los e, finalmente com o feminismo negro e suas diversas linguagens de expressão: do hip hop ao cinema, passando por coletivos universitários, periféricos e culturais.

Em Políticas e Direitos temos como eixos de atuação o direito e o antirracismo; a aplicação da lei anti-racista, bem como as legislações vigentes e propostas, tanto no Brasil, como em outros países da América Latina. Em relação às políticas públicas, visamos acompanhar as políticas de igualdade racial na região, sua construção, efeitos e mudanças.
Em Discriminação e Desigualdades realizamos a produção e análise de dados sobre a produção e reprodução das desigualdades raciais e das situações de discriminação em diferentes esferas: no mercado de trabalho, no território na educação e no acesso ao ensino superior, na violência e na política.

Equipe

Coordenadora – Márcia Lima
Pesquisadores
  • Danilo França (Unicamp), 
  • Flavia Mateus Rios (UFF), 
  • José Mauricio Arruti (Unicamp), 
  • Marta Machado (FGV), 
  • Matheus Gato de Jesus (Unicamp), 
  • Natália Neris (InternetLab), 
  • Paulo Ramos (USP), 
  • Renata Braga (UFABC), 
  • Silvia Aguião (IMS-UERJ) e 
  • Uvanderson Vitor da Silva (Fundo Brasil de Direitos Humanos)
Pós-doutorandas – Anna Venturini e Jaciane Milanezi
Assistentes de pesquisa – Maria Julia Ananias e Caio Sousa
Secretária Executiva – Maíra Rocha
Gerente de projetos – Renata Braga






Matéria sobre lançamento do Núcleo Afro CEBRAP

terça-feira, 27 de agosto de 2019

O campo do patrimônio e os desafios da antropologia: Quilombos e processos de patrimonialização, na 43a ANPOCS

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FR05  O campo do patrimônio e os desafios da antropologia no Brasil contemporâneo
Nas últimas décadas, a noção de patrimônio ampliou-se consideravelmente no Brasil. Deixou de se referir apenas aos bens imóveis relacionados à noção de passado histórico e passou a englobar o cultural, o intangível, o genético, o intelectual. Deu-se início a um processo de “patrimonialização das diferenças” trazendo para o centro do debate a ênfase em narrativas plurais centradas na noção de diversidade. Essa mudança não foi apenas simbólica. Articulada a políticas e programas voltados para segmentos antes periféricos, ela propiciou o acesso a direitos até então dificilmente disponíveis, como o direito ao território, a políticas educacionais e de saúde diferenciadas e recursos financeiros.
No entanto, as recentes mudanças dos rumos políticos do país levaram a uma crise das políticas públicas na área do patrimônio, com a interrupção de programas e repasse de recursos, que impactam diretamente na atuação de cientistas sociais e dos grupos beneficiários. Esse simpósio, proposto no âmbito das atividades desenvolvidas pelo Comitê de Patrimônios e Museus da Associação Brasileira de Antropologia, procura refletir sobre os efeitos e os impactos dessa crise que se abate sobre o patrimônio. Ele se estrutura em torno dos seguintes eixos de reflexão:
a) A participação em conselhos consultivos: o/as antropólogos/as vêm há algumas décadas participando de conselhos consultivos de agências de patrimônio em escala nacional, estadual e municipal, além de também já terem ocupado a presidência de instituições de patrimônios estaduais e nacional. É tempo de avaliarmos quais os desafios encontrados por estes/as antropólogos/as no contexto destas agências. Como a antropologia tem contribuído para a garantia do reconhecimento da diversidade cultural? Quais dilemas éticos tem enfrentado? Quais conquistas foram possíveis em contextos que sabemos serem, por vezes, adversos? Este debate visa refletir sobre a importância de termos como pauta deste Comitê de Patrimônios e Museus a demanda por representações da antropologia em todos os conselhos estaduais, além da já histórica e importante presença no conselho do IPHAN, sobretudo no atual contexto de dissolução dos mesmos.
b) A atuação nas práticas de identificação e registro do patrimônio imaterial: a ampliação e a democratização das políticas patrimoniais, sobretudo a partir da criação das políticas voltadas para o patrimônio imaterial, trouxeram novos atores e demandas para o campo do patrimônio e favoreceram a emergência de novos sujeitos de direito coletivo.  Propiciaram, outrossim, novas formas de atuação para antropólogos e demais cientistas sociais, através de um mercado de trabalho crescente em que são chamados para identificações, documentações, pesquisas, inventários, laudos, elaboração de dossiês e mapeamentos de saberes tradicionais, festas, celebrações, rituais e um manancial crescente de expressões e práticas performativas singulares. Procuramos aqui refletir sobre os impactos dessa crise política no campo do patrimônio imaterial e nos modos de atuação dos cientistas sociais envolvidos nos processos de patrimonialização.
c) Os impactos na vida dos seus detentores: somada ao avanço das políticas de caráter neoliberal e dos projetos desenvolvimentistas, essa virada política conservadora impacta diretamente na vida de populações indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais, bem como na de moradores de periferias urbanas. Uma de suas consequências diretas é o retrocesso dos direitos dessas minorias e uma crise das políticas culturais e patrimoniais que lhes eram destinadas, colocando em risco o seu patrimônio material e imaterial, os seus modos de vida, a sua integridade física e, num sentido mais amplo, ameaçando a garantia da pluralidade étnico-cultural. Por esses motivos, consideramos fundamental propor ruma mesa-redonda que acompanhe essa nova realidade e contribua com suas reflexões a partir de suas respectivas realidades observadas.
Coordenação geral: Simone Vassallo (UFF) e Izabela Tamaso (UFG)
1ª sessão: A experiencia de cientistas sociais em conselhos consultivos
Dia 22/10, terça-feira, das 17h30 às 19h00
Coordenadora de sessão: Izabela Tamaso (UFG)      
Palestrantes: Silvana Rubino (Unicamp), José Guilherme Magnani (USP), Heitor Frugoli Jr.(USP)
2ª sessão: Antropologia e patrimônio imaterial, entre reflexão e ação        
Dia 23/10, quarta-feira, das 17h30 às 19h00
Coordenadora de sessão: Simone Vassallo (UFF)
Palestrantes: Regina Abreu (UNIRIO), Leticia Vianna (UNB), Antonio Motta (UFPE)
3ª sessão: Patrimônios e populações em risco              
Dia 24/10, quinta-feira, das 17h30 às 19h00
Coordenadora: Regina Abreu (UFRJ)                           
Palestrantes: José Mauricio Arruti (UNICAMP), Luciana Carvalho (UFOPA), Simone Vassallo (UFF)