quarta-feira, 4 de novembro de 2015

11a. Conferência Internacional de Jovens Pesquisadores em Patrimônio

A Décima Primeira Conferência Internacional de Jovens Pesquisadores em Patrimônio é organizada pela Canada Research Chair on Urban Heritage, the Groupe interuniversitaire de recherche sur les paysages de la représentation, la ville et les identités urbaines (PARVI / Interuniversity Research Group on Landscape Representation, the City, and Urban Identities), a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e o programa de pós-graduação em história do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP.
Há 25 anos, o sociólogo David Harvey previu a crescente espetacularização do espaço urbano que acompanharia as rápidas transformações nos modos de representação da sociedade ocidental e de suas áreas de influência cultural. Sua tese, que se mostra relevante, afirma que existe uma crescente competição sobre a produção das imagens na experiência cotidiana nas cidades neoliberais. Na vasta floresta de signos, produzidos e consumidos no meio urbano, apenas os artefatos mais poderosos conseguem captar a nossa atenção. Qualquer produção cultural concebida sob o reino do olhar deve se tornar, em si, uma forma de espetáculo estruturada a partir de seu exterior (Guy Debord, 1967) ou definida pelo desaparecimento do real (Baudrillard, 1995).
O destino do patrimônio, dentro desta disputa pela atenção midiática, é marcado pelo fato de que o compreendemos a partir da ameaça de seu eminente desaparecimento. Assim, é legítimo indagar como ele conseguirá emergir no fluxo dos “eventos espetaculares” os quais também começam a receber menor interesse. Para além do medo da perda, os projetos de patrimonialização cristalizam o desejo por legitimação de práticas e objetos há muito reconhecidos e institucionalizados, mas também o de lugares de memória conflituosa, definida pelo horror e pelo trágico, nos quais o sofrimento e a morte são transformados em espetáculo. Neste contexto, a representação do patrimônio está se sobrepondo a seu sentido e conteúdo? Estes são temas e processos-chave que gostaríamos de debater ao longo desta Conferência.
A edição 2015 da Conferência Internacional de Jovens Pesquisadores em Patrimônio ocorrerá pela primeira vez no Brasil. O país possui um vasto patrimônio urbano que inclui sete centros históricos registrados pela lista Mundial da UNESCO. Muitos de seus patrimônios construídos, que funcionam em escala internacional como icônicos (Brasília, por exemplo), experimentam uma difícil coexistência com os símbolos e desejos das comunidades locais. Os megaeventos como a Copa do Mundo da FIFA (2014) e os Jogos Olímpicos (2016) fazem parte desta dinâmica do espetáculo, sendo que uma rede de imagens associadas ao patrimônio envolve e não raro ironicamente mascara, o trabalho de destruição massiva de regiões inteiras ao redor dos locais escolhidos para sediar os eventos. Ainda, em termos de práticas locais, a “patrimonialização” de espaços associados ao recente período ditatorial ou por exemplo às favelas no Rio de Janeiro, nos forçam a refletir sobre o controverso jogo da espetacularização.
A Conferência foi concebida para propiciar uma oportunidade de troca, reflexão e questionamento sobre o papel da imagem na disseminação do patrimônio e nas várias formas de criar, produzir a adaptar o patrimônio na busca de torná-lo atraente ou desejável.
Este encontro reúne especialistas do património de oito países, levando-nos a uma viagem ao longo das Américas do Norte e do Sul, da Europa e da África. Uma vasta gama de tópicos, tais como a marca de memoriais de guerra, espaço urbano e patrimônio, patrimônio na esfera da mídia e do turismo em bairros pobres e em vias de extinção permitirá uma reflexão rica e profunda sobre o significado da herança neste “media turn” bem como sobre a idéia de património como recurso cultural e econômico em uma época de transformações urbanas tremendas.


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